V FMML começa com protesto contra política de vistos do Canadá


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De 2 mil pessoas que solicitaram visto para entrar no Canadá e partitipar do Fórum Social Mundial 2016, ao menos 200 tiveram o pedido negado, apesar de acordos do governo com o comitê organizador canadense para que a participação fosse assegurada.

Entre os casos, há 10 palestantes e organizadores das atividades do Fórum Mundial de Mídia Livre, e também brasileiros envolvidos nos dois eventos - FMML e FSM -, a exemplo de um grupo integrante do MAB - Movimento Atingidos por Barragens -, de Minas Gerais, que preparavam exposição sobre o desastre de Mariana. O Canadá é sede de grandes mineradoras e negócios internacionais nessa área, o que pode estar por trás da negativa, segundo participantes.

O mineiro Nelsinho Pombo, responsável pelo Cine Médios Libres promovido a cada edição do FMML, foi outra vítima das restrições canadenses. Integrante da delegação brasileira, já com passagem e estadia assegurados, e toda documentação compatível com a política de vistos, Pombo teve a entrada negada duas vezes, sob alegação de renda aquém do exigido. Nelsinho, dirigente do Instituto Imersão Latina (IMEL), é ativista da Ciranda, e como videomaker denuncia com coberturas de campo o uso de violência pela polícia durante manifestações; além disso, exibiria, no evento, documentário sobre a tragédia provocada pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco.

Assim como ele, o ativista Mário Marques, do Rio Grande do Sul, teve o visto negado, embora fosse acompanhante do artista Sinistro, cadeirante cuja entrada foi autorizada. Nelsinho e Marques são afrodescendentes e acreditam que a condição de negros ativistas tenha sido objeto de discriminação racial.

A suposição é reforçada pelo fato de que a maior parte dos vistos negados alcançou um grande contigente de africanos.

Organizadores do FSM procuraram as autoridades que foram também pressionadas por parlamentares para rever as negativas. O problema, para as vítimas da recusa, é que dificilmente conseguem alternativa de voos e hospedagem nas mesmas condições e prazos com que haviam providenciado a participação.

Integrantes do Conselho Internacional do Fórum Social assinaram manifestação contra a política imigratória do Canadá, e o Fórum Mundial de Mídia Livre começou com denúncias e manifestações, além de uma nota de repúdio que tem sido lida em inglês, francês e português em cada painel ou oficina do evento.

Os nomes dos brasileiros foram citados na abertura do encontro, no domingo, e silhuetas recortadas em papel e coladas nas paredes indicam as ausências dos realizadores barrados pelo Canadá.

"Esta recusa de visto revela, na realidade, o atual funcionamento de um mundo que se fecha sobre si e descarta as diferenças e a expressão da cidadania", diz a nota.

"Se restringimos a nossa diversidade, como, então, falar em liberdade de expressão?", questionam os midialivristas. A Nota também provoca os participantes do Fórum Social Mundial a refletirem sobre a realização de uma edição mundial pela primeira vez em um país do Norte. "Os povos do Sul não podem ser aceitos no Fórum realizado no Norte? Será que isto significa que um Fórum do Norte é impossível?"

O FSM 2016 começa nesta terça-feira com a tradicional marcha de abertura e o início de milhares de atividades inscritas via internet por organizações dos vários continentes que discutem caminhos para "Outro Mundo Possível", afirmado como lema do evento. O FMML iniciado no último domingo (7) realiza sua quinta edição com debates e coberturas que prosseguem até o final do FSM, dia 14.

Para saber mais, consulte:

FMML - Nota de Repúdio do FMML

FSM

Notícia em mídia local (em francês)

Ciranda

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